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A faculdade me emburreceu

  • Foto do escritor: Admin
    Admin
  • 16 de mai. de 2017
  • 3 min de leitura

Sei que alguns vão me criticar por este texto, mas, por favor, antes, leiam até o fim.

Vejam bem, quando eu entrei na faculdade achei muitas coisas estranhas. Pois tinha criado uma expectativa enorme em relação ao curso e a própria Universidade.

Primeiro, a frustração na primeira semana de aula por causa da falta de alguns professores, que era algo comum. Lembro que em uma das aulas quando discordei de um professor pela falta de compromisso com os alunos, alguns colegas da turma me olharam torto. Como se dissesse :“ Como pode uma caloura discutir com um professor dessa forma?”

Outros poucos vieram elogiar minha coragem e audácia diante de um professor nada simpático. Desde então comecei a moldar mais a minha fala e me resguardar um pouco mais.

Outra coisa que me deixou intrigada foi o fato de que após as aulas tínhamos que correr até a xerox para imprimir partes de textos dos livros indicados pelos professores. Compreensível, afinal, eram pelo menos 7 disciplinas por semestre e cada uma delas exigia-se “muita leitura”, sendo assim não daríamos conta de ler o livro inteiro.

O objetivo era sempre o mesmo: ler os textos, decorar ou aprender e tirar dez na prova para não ser reprovado no fim do semestre. Lembro que isso me causou estranheza várias vezes, porque eu queria ler o livro todo, mas só tínhamos acesso a uma parte, a um ou dois capítulos que estavam disponíveis na xerox.

Já eu queria mesmo era saber quando os professores, finalmente iriam nos pedir para escrevermos alguns textos da nossa própria autoria. Desenvolver algo mais autoral. Escrever uma matéria, um artigo, enfim, algo nosso.

E cada semestre eu aguardava com ansiedade pelo semestre seguinte na expectativa de me envolver com aquilo que seria minha futura profissão. Mas não. Cada semestre a história se repetia: mais textos para ler, mais xerox e mais provas. Parece que o curso se resumia a isso apenas. Assim muita coisa foi morrendo dentro de mim. Se antes eu gostava de devorar livros inteiros, isso foi ficando entediante. Escrever textos, crônicas e poemas? Ah isso tinha ficado para trás, pois era coisa de adolescente, afinal universidade é coisa séria.

As atividades foram se tornando mecânicas e a paixão que antes me movia foi sendo trocada por uma obrigação de fazer. Lembro-me de não ter mais tempo para ler minhas revistas favoritas, de não ter mais tempo para jogar meus jogos prediletos, ou até mesmo de terminar aquele livro que eu tanto gostava.

A faculdade acabou me limitando a certos parâmetros, minando meu lado criativo e enquadrando-me a algo que não era bem eu. Por vezes me sentia perdida. Nesse aspecto me sinto de certa forma compreendida pelo filósofo Gary Gutting quando diz que a educação universitária pode ser um espaço do explorador, para ampliar a visão de mundo. Pois este mundo também precisa de pessoas criativas, empreendedoras e que sejam acima de tudo autônomas e não robôs.

O filósofo ainda acrescenta que o ensino não deveria ser avaliado pela quantidade de informações transmitidas e assimiladas, mas pela possibilidade de estimular uma atitude de abertura a novos conhecimentos e pela capacidade de assimilar novas ideias provocadas nos estudantes.

Mas o que eu quero dizer com tudo isso é que a faculdade deveria ser esse lugar para nos ajudar a explorar nosso potencial criativo e crítico, independente de áreas. Pois aprender é mais do que absorver conhecimentos, é ser capaz de pensar criticamente sobre o mundo ao redor. Limitar pensamentos ao modo binário é papel do senso comum e a universidade está aí para nos direcionar a um conhecimento mais abrangente.

 
 
 

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